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Foto do escritorMarcio Cruz

Vida Extraterrestre (parte 2)

Atualizado: 7 de mai. de 2020

Muitos cientistas possuem um posicionamento otimista em relação à eventual descoberta de vida extraterrestre inteligente. Iniciativas como a do SETI Institute (Search for Extraterrestrial Intelligence), organização científica sem fins lucrativos fundada em 1984 com o intuito de detectar sinais de vida extraterrestre inteligente por meio de ondas de rádio, talvez seja o exemplo mais bem-sucedido nessa direção.

Sede do SETI Institute em Mountain View, California.

A despeito de alguns senões por parte da comunidade científica mais conservadora sobre as motivações do SETI Institute terem sido simplistas no início, hoje a instituição encontra-se muito mais madura e preparada para o gigantesco desafio, empregando mais de 130 cientistas, educadores e equipe administrativa em 3 grandes centros. Dois desses setores efetuam pesquisas em áreas como astronomia, astrobiologia, teoria da informação, inovações tecnológicas e a busca por inteligência extraterrestre propriamente dita através de radiotelescópios. O outro polo é responsável por projetos educacionais, dos quais destaca-se o programa de rádio semanal intitulado Big Picture Science (anteriormente chamado Are We Alone? - Estamos Sozinhos?), trabalho incansável existente desde 2002 para, sobretudo, divulgar o trabalho do SETI e popularizar a ciência.

Apesar de cientes das enormes diferenças entre vida extraterrestre complexa (algo parecido com animais) e vida extraterrestre inteligente (algo parecido com humanos), os profissionais do SETI confiam plenamente na possibilidade de haver civilizações lá fora, as quais possuiriam totais condições de entrar em contato conosco. Só para expandirmos um pouco essa ideia, conforme sugeriu Nicolai Kardashev, renomado astrofísico e ex-diretor do Instituto de Pesquisa Espacial Russo (falecido recentemente em Agosto de 2019), no esquema de classificação que leva seu nome, podem existir 3 tipos de civilizações no universo: Tipos 1, 2 e 3. Uma civilização Tipo 1 englobaria uma civilização que dominasse os recursos naturais de seu próprio planeta, utilizando toda a energia disponível em seu próprio mundo. Uma civilização Tipo 2 seria capaz de dominar os recursos energéticos da estrela mais próxima, além de colonizar seu próprio sistema solar. O Tipo 3 teria um alcance além de seu próprio sistema e teria como fonte energética os recursos disponíveis em toda a sua galáxia. Kardashev sugeriu que este último tipo de civilização poderia ter milhões ou até bilhões de anos de existência (algo paradoxal se comparado com nossos míseros 6 mil anos de existência desde os Sumérios, na Mesopotâmia).

Essa escala de classificação foi proposta em 1964 e é utilizada até hoje pelo SETI Institute. Inicialmente, Kardashev estimou que nós estaríamos na classificação zero desta escala e depois Carl Sagan redefiniu a fórmula original, estimando que seríamos uma civilização nível 0.7. De qualquer maneira, mencionei a escala de Kardashev com o intuito de ilustrar que pode haver de tudo por aí: desde civilizações primitivas (nós estaríamos mais perto do lado primitivo do que do lado avançado da escala) até civilizações com milhões ou até bilhões de anos de existência.

Como somos muito fracos para números e só para ilustrar muito debilmente as enormes diferenças entre as civilizações hipotéticas aqui classificadas, vamos analisar toda a geração de benefícios resultantes de uma missão espacial tripulada, por exemplo, já que muita gente ainda questiona veementemente a necessidade de explorarmos o espaço. O argumento de que seria muito mais útil gastar o dinheiro investido em missões espaciais no combate à fome na África, embora seja bem-intencionado, é bastante simplista e limitado. Por exemplo: entre transferir recursos de uma missão espacial e os recursos da indústria bélica para um projeto cujo objetivo seja acabar com a fome, eu sou muito mais a favor da segunda opção. Além disso, acabar com a fome não resolve o problema das regiões castigadas pela extrema pobreza. Seria necessário ir muito mais além, fomentando a educação, controlando rigorosamente a natalidade, gerando emprego e moradia, tudo de acordo com as boas práticas de desenvolvimento sustentável de cada região.


Por outro lado, a diversidade parece ser a regra e não a exceção no universo. Se por um lado a escala de Kardashev é baseada na diversidade de condições de vida, somos testemunhas oculares dessa mesma diversidade aqui na Terra: pessoas nascendo nos mais variados cenários, com os mais variados backgrounds, com as mais diferentes crenças, ambições e estilos de vida escolhem de que forma querem viver, explorar a realidade e investir o seu precioso tempo. Portanto, sempre haverá pessoas querendo superar os limites da nossa civilização, indo ao encontro da nossa programação genética que sempre nos definiu como uma espécie aventureira e exploradora. Foi somente dando vazão aos nossos anseios por descobertas e significados é que nós chegamos ao ponto civilizatório em que estamos.

E a exploração científica, por sua vez, nunca é uma iniciativa inútil. Se formos buscar as informações sobre os benefícios resultantes do avanço da tecnologia aeroespacial bem como das investigações científicas envolvidas, tanto na Terra quanto no espaço, vamos achar muitas aplicações na melhoria das condições humanas, ainda que nem todos os humanos tenham acesso à tais recursos em um primeiro momento. De qualquer maneira, é preciso haver desenvolvimento tecnológico para gerar desenvolvimento econômico. E sem desenvolvimento econômico (contexto de abundância), não há como combater a fome bem como outros problemas sociais (contexto de escassez).

Outro fator que é quase sempre ignorado pelos detratores da exploração espacial é a amplitude de conhecimento técnico e/ou intelectual fomentado pelo desenvolvimento da exploração espacial. Por exemplo: ao avaliar todos os detalhes possíveis em uma missão espacial tripulada, vemos que existe um universo de coisas em jogo por estarmos lidando com condições hostis para a vida humana. Existem muitas equipes de altíssimo nível técnico trabalhando em diferentes estágios da missão para garantir que tudo dê certo e que nenhuma falha resulte em perda de milhões de dólares em investimentos ou pior: resulte em perda de vida humana. A fórmula certa de combustível, o traje adequado, a alimentação correta, toda a tecnologia envolvida, aperfeiçoamentos que precisam ser testados, tarefas que precisam ser executadas, procedimentos de segurança que precisam ser criados e seguidos, enfim, esta lista é demasiadamente longa... Fora isso, existe todo o preparo físico, mental e psicológico dos astronautas, os quais devem zelar também para que todos os detalhes envolvidos sejam considerados e que em um momento de crise essas pessoas possam estar aptas à resolver eventuais problemas, os quais são geralmente de caráter fatal.


Quando falamos de missões robóticas, então, o nível de complexidade técnica envolvida é muito maior, posto que tudo deve ser previsto (inclusive problemas, falhas, eventuais consertos, planos A,B,C, etc.) de forma a ser meticulosamente controlado à distância. Assim, apesar dos míseros 0.7 pontos que "ganhamos" na classificação de Kardashev, o conhecimento técnico envolvido nessas missões é algo que a esmagadora maioria de nós sequer "arranha". Tentem agora imaginar uma civilização de nível 3, condição de vida em que a exploração dos locais fora do planeta de origem é uma situação cotidiana e presumam o distanciamento em relação a nós, pobres terráqueos.


Continua na próxima postagem...


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